No flipbook “Bibliofilia”, a artista Eliana Borges materializou um pensamento sobre o livro que lhes dá aquilo que ele sempre nos deu, ou seja: a liberdade para imaginar. Em “Bibliofilia” as obras têm tem o seu referencial no próprio livro em sua trajetória industrial, de entretenimento ou não, mas que, ao ser capturado pela artista para ser recortado, mexido, desmontado, montado novamente, com lombadas e miolos com novas costuras e encadernações, transforma-se em forma singular, parecendo ser dessacralizado. É neste sentido que em “Bibliofilia” se forma a biblioteca. Desde a série de instalações Guardiões (2000), Copyright by (2001) e Carto+grafias [Subjetivas] (2007), entre outros trabalhos, Eliana Borges vem desenvolvendo uma escrita visual, com aproximações com a literatura e o livro. "Nouvelles the fleurs sich du rose mal", instalação de parede, em que a artista sulcou e marcou com estilete a superfície de tabletes tamanho grande de parafina, nos quais também embutiu lírios pretos, fazendo-os dialogar com Baudelaire e Blake, ou em trabalhos de intervenção num percurso por espaços urbanos e rurais - favelas, rios do interior, ruas, estacionamento de museu etc. -, onde a artista interferiu - escreveu - com agulhas de um metro e meio e adesivos colantes, num gesto-acupuntura "impresso" no corpus de vários lugares e cidades brasileiras). Estas experiências de escrita culminaram na edição e publicação de um "grande livro" chamado oAtlas (2010), com tiragem limitada de 50 exemplares, um livro que representa essa escrita que remonta essa linha persistente de pesquisa e, em muitos sentidos, comemora tópicos de um livro sempre em aberto, sempre se fazendo. É, portanto, muito natural, nesta última década, que Eliana Borges tenha se voltado para uma produção em série de livros-objetos, livros de artista e múltiplos de artista. Ela tem atuado nestas três modalidades, as quais, são especialmente desenvolvidas em feiras de artistas como a "Tijuana", "Turnê" e "Armazém", nas quais a artista mostrou seus trabalhos. Artistas visuais têm incluído o objeto livro em suas instalações ou mesmo como obras isoladas. Muitas vezes o livro é a questão central do trabalho, como é o caso de Eliana Borges, nesta exposição inédita chamada justamente "Bibliofilia", que significa "o amor pelos livros".